domingo, 29 de abril de 2018

PERDA E SUSPENSÃO DA MEDIUNIDADE

220. A faculdade mediúnica está sujeita a intermitências e a suspensões momentâneas. Eis a resposta dos Espíritos a algumas perguntas feitas a propósito:
1. Os médiuns podem perder sua faculdade?

— Isso acontece com freqüência, qualquer que seja o gênero da faculdade. Mas quase sempre, também, não passa de uma interrupção momentânea, que cessa com a causa que a produziu.






2. A causa da perda da mediunidade seria o esgotamento do fluido?

— Qualquer que seja a faculdade do médium, ele não tem poder sem o concurso simpático dos Espíritos. Quando nada obtém, nem sempre é porque a faculdade lhe falta, mas freqüentemente são os Espíritos que não querem ou não podem servir-se dele.

3. Qual a causa do abandono do médium pelos Espíritos?

— O uso que ele faz da mediunidade é o que mais influi sobre os Espíritos bons. Podemos abandoná-lo quando ele a emprega em futilidades ou com finalidades ambiciosas, e quando se recusa a transmitir as nossas palavras ou a colaborar na produção dos fenômenos para os encarnados que apelam a ele ou que precisam ver para se convencerem. Esse dom de Deus não é concedido ao médium para o seu prazer, e menos ainda para servir às suas ambições, mas para servir ao seu progresso e para dar a conhecer a verdade aos homens. Se o Espírito vê que o médium não corresponde mais aos seus propósitos, nem aproveita as instruções e os conselhos que lhe dá, afasta-se e vai procurar um protegido mais digno.

4. O Espírito que se afasta não pode ser substituído,e nesse caso se poderia compreender a suspensão da faculdade?

— Não faltam Espíritos que desejam acima de tudo comunicar-se e estão sempre prontos a substituir os que se retiram. Mas quando este é um Espírito bom, pode ter se afastado momentaneamente, privando-o por algum tempo de toda comunicação para que isso lhe sirva de lição e lhe prove que a sua faculdade não depende dele e por isso mesmo não lhe deve servir para envaidecimento. Essa privação momentânea tem ainda o fim de provar ao médium que ele escreve sob influência de outro, pois de outro modo não haveria intermitências. De resto, a interrupção da faculdade não é sempre uma punição, demonstrando às vezes a solicitude do Espírito pelo médium a quem se afeiçoou, e ao qual deseja proporcionar um repouso que julga necessário. Nesse caso ele não permite que outros Espíritos o substituam.

Fonte: Livro dos Médiuns/ Allan Kardec

terça-feira, 17 de abril de 2018

Médiuns e mediunidades

Médiuns e mediunidades

Antonio Cesar Perri de Carvalho (*)

Nas primeiras décadas do século XX Cairbar Schutel (1868-1938) foi um marco como grande divulgador do Espiritismo a partir do Centro Espírita Amantes da Pobreza e da Editora O Clarim, em Matão: assistência aos necessitados, palestras, polêmicas, jornal, revista, livros e programas radiofônicos.





Nos idos de Cairbar Schutel lançou seu livro Médiuns e mediunidades 1923. A mais recente edição, a décima primeira, conta com 133 páginas. Ao longo do tempo, cremos que essa obra tenha cumprindo um papel importante junto aos leitores principiantes em assuntos espíritas e aqueles que precisam de abordagens mais simples e diretas.

Schutel define claramente que se propôs fazer uma síntese de O livro dos médiuns, de Allan Kardec. Oportuna sua colocação: “Dirigimo-nos aos humildes e simples, ‘os que sabem que não sabem’ e precisam aprender, os que querem se conhecer, os que anseiam por uma solução categórica do problema da imortalidade e da vida futura.” Reafirma seu escopo: “auxiliar o estudante nos primeiros passos no vasto campo das manifestações espíritas”.





Dessa maneira, Schutel aborda em capítulos curtos a essência dos ítens da obra que o Codificador considerou como o “guia dos médiuns e dos evocadores”.
A definição de médium: “uma criatura humana, seja homem ou mulher, velho ou moço, que tem aptidões físicas e cujo corpo carnal é suscetível de sofrer a influência de outra criança, ou a de um Espírito”, é trabalhada também com várias citações ao “Doutor das Gentes”, como ele referiu ao apóstolo Paulo. Surgem comentários oportunos e interessantes sobre os trechos da 1ª Epístola aos Coríntios, a respeito da diversidade de dons. Anota Cairbar: “[Paulo] todos procurarem os melhores dons, vale dizer, mediunidades, e aponta o caminho mais excelente para sejam bons os resultados experimentais. É assim que, depois de um eloquente discurso sobre a Caridade, faz realçar esta virtude em sua forma mais espiritualizada, ou seja, caracterizada por benevolência, tolerância, humildade, paciência, perseverança, condições estas de que devem se revestir os médiuns.”
A prática e as finalidades da mediunidade são focalizadas em várias partes do livro. O autor ressalta que “a prática das virtudes é um excelente preservativo contra a influência dos espíritos inferiores”. Destaca que “o Evangelho é o fundamento sobre o qual se assentam as obras de Allan Kardec, ou seja, a grande, a incomparável filosofia Espírita”.

Os vários tipos de mediunidades abordados na Obra Básica de Kardec merecem capítulos com observações e recomendações objetivas. Mas, também elaborou capítulos que permitem uma visão de conjunto fazendo abordagens sobre as manifestações dos espíritos através dos séculos, e também um resumo sobre o ensino dos espíritos.

Um fato histórico, pouco lembrado na atualidade, é que Cairbar Schutel se dedicou também a algumas experiências, as chamadas sessões de mesinha, ou das mesas girantes. Nestas condições obteve inclusive a identificação de espíritos ligados ao seu grupo de trabalho. Opina que “a abstenção do estudo e da experimentação de um fenômeno, sob pretexto de perigo, não é consentânea com a razão, nem com a Ciência, como também é um entrave à lei do progresso e da Verdade”.
Em vários capítulos faz referência à questão da identificação de espíritos comunicantes, destacando “o dom do discernimento dos Espíritos, que também é uma das formas de mediunidade, segundo afirma o Apóstolo Paulo, em sua Epístola aos Coríntios” e cita o evangelista João: “não creais em todo Espírito...”

Na sua Conclusão, Schutel transcreve mensagem de Vicente de Paulo direcionada a Kardec, de onde destacamos trechos: “O mundo material e espiritual que conheceis tão pouco ainda, formam como que duas conchas da balança perpétua [...] chegar-se a Deus, amar, unir-se e seguir pacificamente o caminho cujos marcos se vêm com olhos da Fé e da Consciência”.
Cairbar Schutel reverencia o Codificador: “A obra de Allan Kardec é inexcedível. De fato, de todos os Espíritos que têm vindo à Terra, ele é o verdadeiro mensageiro de Jesus, sob cuja direção agiu”; “julgamos a Codificação dos ensinos Espíritas o mais grandioso, o mais admirável fato do Poder Espiritual, da verdade do Espírito Imortal”. E faz uma recomendação expressa: “Para a boa direção dos núcleos espalhados hoje por todas as cidades e vilas do Brasil, é indispensável que os seus fundadores se submetam aos Princípios Kardecistas, que constituem os fundamentos da Doutrina”.
O livro Médiuns e mediunidades teve um importante papel na época em que foi lançado e entendemos que, pelas abordagens diretas e objetivas para sintetizar, encontra-se atual e cabível em nossos dias.

Em nossos tempos há necessidade de livros espíritas mais direcionados para o público-alvo das preocupações de Cairbar Schutel: os humildes e simples.
(*) – O autor foi presidente da FEB, da USE-SP e membro da Comissão Executiva do CEI.
De: Revista Internacional de Espiritismo. Ano XCIII – no. 3. Abril de 2018. P.138-139.

Aura - Visão Espírita

Aura - Visão Espírita

Vejamos alguns questionamentos que comumente são feitos a respeito da aura:
0 que significaria a aura, que os sensitivos, espíritas ou não, descrevem ao redor de todas as pessoas?
Aura humana e o campo de energia decorrente da vibração particular que cada indivíduo emite. São raios luminosos com diferentes intensidades e cores.






De onde provém os raios luminosos que compõem a aura humana?
A maior parte da luminosidade, observada ao nosso redor, provém da energia vital ou fluido vital que todo ser biológico possui. Essa bio-energia gera um halo ou circulo vital, facilmente captável pelos sensitivos paranormais ou médiuns. Há quem denomine esta parte da aura como "aura vital". Além da energia vital, todo o nosso ser desde a essência espiritual emana ondas que contribuem para a constituição da aura.

No exercício da caridade com os espíritos sofredores, há alguma utilidade no conhecimento de questões como a aura humana?

Os sofredores, já modificados para o bem, apresentarão circulos luminosos característicos em torno de si mesmos, a medida que concentrem suas forças mentais no esforço pela própria modificação. Estes estão aptos a sintonizar o auxilio que podemos direcionar-lhes.
Os sofredores, já modificados para o bem, apresentarão circulos luminosos caracteristicos em torno de si mesmos, a medida que concentrem suas forãas mentais no esforço pela própria modificação. Estes estão aptos a sintonizar o auxilio que podemos direcionar-lhes.

A expressão doce e comovente dos hábeis manipuladores da palavra que costumam esconder a verdade podem produzir auras luminosas?

Não há como se escamotear a real emanação das vibrações da mente e dos sentimentos. Os indivíduos manipuladores, mesmo aqueles que verbalizam comovedoras palavras, produzem energias densas e trevosas.

Orgãos enfermos determinam modificações na aura humana?

Sem dúvida. Órgãos desvitalizados geram modificações na vibração de nossa energia vital e sabemos que esta energia constitui significativa fração da nossa aura.

Os Espíritos desencarnados também possuem aura?
Sim, pois pensam e sentem irradiando vibrações, além de possuirem um corpo espiritual que emite energias as quais se traduzem por ondas de matizes diversos.

No caso de Espiritos superiores, como os videntes percebem a cor de suas auras?

São sempre cores agradáveis, não apenas belas a percepção visual, mas, sobretudo, produzem efeito benéfico na alma dos circunstantes. São percebidas emanações que lembram as cores do sol, do ouro, da opala, róseo vivo, azul celeste, verde claro, violeta suave e outros aspectos que nos escapam a lembrança, até um fantástico arco--íris de luz.

Fonte: Ricardo Di Bernardi

O PASSE NAS CASAS ESPÍRITAS

O PASSE NAS CASAS ESPÍRITAS, TRATAMENTO CURATIVO GRÁTIS, ACESSÍVEL A TODOS.


Os fenômenos mediúnicos ao lado do magnetismo foram os precursores da Doutrina Espírita e Allan Kardec a partir deles compôs todo o arcabouço teórico e prático do Espiritismo. A meta maior da Doutrina Espírita é a cura do Espírito, com a elevação das pessoas em todos os níveis: intelectual, moral e espiritual. O tratamento é mais uma técnica desse conjunto harmônico.
O termo “passe” tem significados distintos, mas pode ser entendido como uma terapia espírita, como uma parte do magnetismo, como uma técnica de cura ou ainda como o sentido genérico da “fluidoterapia”.




O uso do magnetismo como forma de cura é bastante antigo, sendo utilizado desde a antiguidade e não surgiu com o Espiritismo, não sendo uma criação da Doutrina Espírita. Esse meio de socorrer os enfermos do corpo e da alma já era conhecido e empregado na antiguidade. Na Caldéia e na Índia, os magos e brâmanes, respectivamente, curavam pela aplicação do olhar.
Jesus o utilizou, “impondo as mãos” sobre os enfermos e perturbados espiritualmente, para beneficiá-los e ensinou essa prática aos seus discípulos e apóstolos, que também a empregaram, largamente, como vemos em “Atos dos Apóstolos”.

André Luiz define que o passe “é o equilibrante ideal da mente”, funcionando como coadjuvante em todos os tratamentos, não só físicos, mas igualmente da alma. Com isso o objetivo de passe fica categorizado como elementos a serem alcançados em dois campos: materiais e espirituais.
Segundo Jacob Melo, “o passe é uma transfusão objetiva de fluidos de um ser para o outro ou ainda a interferência intencional do campo fluídico de alguém sobre idêntico campo de outro alguém, tanto em termos físicos como espirituais.”

Ou ampliando a definição diz que “o passe nada mais é do que a transmissão ou a manipulação de um fluido, de uma energia curadora, de quem a possui para quem necessita.” E conclui dizendo que “o passe atua diretamente sobre o corpo espiritual através dos campos vitais, diretamente sobre o corpo orgânico, propiciando interações intermoleculares de refazimento e recomposição, e diretamente sobre a mente, ensejando refrigérios psíquicos e/ou atenuando envolvimentos espirituais negativos.”
O passe é uma transfusão de fluidos de um ser para outro.
Emmanuel o define como uma “transfusão de energias físiopsíquicas”. Beneficia a quem o recebe porque oferece novo contingente de fluidos já existentes. Considera “equilibrante ideal da mente, apoio eficaz de todos os tratamentos” e compara sua ação à do antibiótico e à assepsia, que servem ao corpo frustrando instalação de doenças.

O passe sempre se dirige da mente de um Espírito para a mente de outro, independentemente da forma em que se encontram, encarnada ou desencarnada. Por isso consideramos que o passe é sempre uma ação espírita, que se desenvolve invariavelmente, de um para outro Espírito.
A finalidade da reunião de fluidoterapia é aliviar os companheiros quando se instalam doenças físicas, com um tratamento de natureza essencialmente espiritual. (“Vinde a mim todos vós que vos achais sobrecarregados e aflitos, que eu vos aliviarei.”) S. Mateus, cap. XI, vv. 28 a 30.
Para as Casas Espíritas, Jacob Melo acrescenta “a magnetização ou o passe é um serviço importante, pois a sua simplicidade aliada ao seu reconfortante alcance, principalmente quando utilizado de forma concomitante a doutrinação e a elucidação evangélico-doutrinária, é de tamanha envergadura que não se deveria deixar jamais de praticá-lo nas Instituições Espíritas”.
Como afirmou Jacob Melo “O passe Espírita objetiva no consulente o reequilíbrio orgânico (físico), psíquico, perispiritual e espiritual. Para os médiuns o passe é uma oportunidade sagrada de praticar a caridade sem mesclas, desde que imbuídos do verdadeiro Espírito cristão, sem falar na bênção de podermos estar em companhia de bons Espíritos que, com carinho, diligência, amor, compreensão e humildade se utilizam de nossas ainda limitadas potencialidades energéticas em benefício do próximo e de nós mesmos”.

O paciente deve atentar para algumas instruções para que o passe seja eficiente. O ideal é que esteja receptivo, pois o passe será tanto mais eficiente quanto mais intensa a adesão da vontade do paciente ao influxo recebido.
No dia do tratamento a alimentação deve merecer atenção especial: ausência de qualquer tipo de carne (animais, frango ou peixes). Não ingerir produtos ricos em proteínas (eles dificultam a recepção dos fluidos que agem no corpo perispiritual, sede principal das doenças físicas). Devem abster-se de alcoólicos de qualquer natureza, tabaco (cigarro) e vícios gerais (jogo de cartas etc.), durante o tratamento da fluidoterapia. Quando possível, manter um clima de tranqüilidade íntima, com preces, leituras e reflexões em que pese os compromissos diários (sem qualquer envolvimento em condutas de agressividade, rebeldia, ódios etc.).

O paciente deve realizar todas as recomendações solicitadas pelo passista, cultivando no lar, o Estudo do Evangelho Segundo o Espiritismo (não sendo possível com a família, fazê-lo individualmente) e aconselha-se a observância irrestrita da orientação médica, pois o tratamento espiritual não atua no corpo físico e sim no Espírito e no perispírito.
O tratamento por magnetização requer assiduidade e perseverança e atendimento das recomendações indicadas, pois sabemos que fluidificação não dura mais de uma semana e que faltar ao tratamento interrompemos e não teremos os benefícios que queremos.



OS MÉDIUNS E O USO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS

OS MÉDIUNS E O USO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS

O uso de alguma bebida alcoólica costuma trazer inconvenientes para os médiuns ?
Raul Teixeira – Todo indivíduo que se encontra engendrado nos labores mediúnicos, seja qual for a ocupação (até mesmo o médium passista), deveria abdicar do uso dos alcoólicos em seu regime alimentar. Isto porque o álcool traz múltiplos inconvenientes para a estrutura da mente equilibrada, considerando-se sua toxidez e a rápida digestão de que é alvo, facilitando grandemente que o álcool entre na corrente sanguínea do indivíduo, de modo fácil, fazendo seu efeito característico.


 


Mesmo os inocentes aperitivos devem ser evitados, tendo-se em mente que o médium é médium as vinte e quatro horas do dia, todos os dias, desconhecendo o momento em que o Mundo Espiritual necessitará da sua cooperação. Além do mais, quando se ingere uma porção alcoólica, cerca de 30% são rapidamente eliminados pela sudorese e pela dejeção, mas cerca de 70% persiste por muito tempo no organismo, fazendo com que alguém que, por exemplo, haja-se utilizado de um aperitivo na hora do almoço, à hora da atividade doutrinária noturna não esteja embriagado, no sentido comum do termo, entretanto, estará alcoolizado por aquela porcentagem do produto que não foi liberada do seu organismo.

Do livro: Diretrizes de Segurança, questão 85 – Divaldo P. Franco e Raul Teixeira respondem perguntas em torno da mediunidade.

CONSELHOS MEDIÚNICOS

No contato com os Espíritos, evita, invariavelmente:
As conversações estéreis; não obterás bons frutos.
A curiosidade doentia; a razão dispensa a aventura.
A crença incondicional; a senha do Bem não se dissocia do bom senso.
A vaidade pelo conteúdo mediúnico viabilizado; felicita-te, apenas, por seres um bom instrumento.
O comércio seja do que for; a negociação mediúnica costuma denotar inferioridade espiritual.
A ritualística, os sinais e os símbolos cabalísticos; o pensamento é tudo, a vontade é diretora e a realização deve ser espontânea.
As queixas e choramingas intermináveis; nada se dá ao acaso.
Os petitórios repetitivos e incansáveis; é bastante a mensagem divina.
A improvisação; os Espíritos Superiores não adotam a ociosidade nem sancionam a indisciplina.
A ignorância doutrinária; a tua defesa tem início no conhecimento teórico acerca do fenômeno psíquico.

Hilário

Fonte - Conselhos Mediúnicos (psicografia Francisco Cajazeiras - espíritos diversos)

EVOCAR OU NÃO ESPÍRITO, UMA BREVE REFLEXÃO ESPÍRITA

EVOCAR OU NÃO ESPÍRITO, UMA BREVE REFLEXÃO ESPÍRITA (JORGE HESSEN)


Qual a importância da evocação dos Espíritos nos dias de hoje? Será inadmissível ou errada a evocação dos desencarnados? É incontestável não haver qualquer dispositivo que impeça a evocação (1) dos Espíritos na Codificação. Porém, Kardec faz ressalvas sobre o tema: “frequentemente as evocações oferecem mais dificuldades aos médiuns do que os ditados espontâneos, sobretudo quando se trata de obter respostas precisas a questões circunstanciadas. Para isto, são necessários médiuns especiais, ao mesmo tempo flexíveis e positivos”. (2) Portanto, sem esse discernimento, se alguém evocar uma pedra ela responderá, pois “há sempre uma multidão de Espíritos prontos a tomar a palavra sob qualquer pretexto.” (3)





Atualmente há cauteloso exercício da não evocação dos Espíritos. Como interpretar o empecilho evocatório nos grupos mediúnicos? Cremos que inexista qualquer proibição pelos dirigentes; o que acontece são apenas critérios de aconselhamentos para que tal prática seja evitada, em face das precipitações que proporciona. Em que pese não ser totalmente favorável à evocação dos Espíritos, não analisamos tal método como “coisa demoníaca”, desde que sejam aferidos os relevantes desígnios a que se propõem e, sobretudo, os valores morais dos evocadores.
A propósito das manifestações mediúnicas espontâneas, será que são menos perigosas do que as evocações? O Codificador afiança que a evocação traça laços entre o evocador e o evocado, que impedem ou pelo menos limitam a interferência de um mistificador. Todavia, Kardec também assegura que “as comunicações espontâneas não apresentam inconveniente algum e que por esse método se podem obter coisas admiráveis.”. (4)
Em verdade, no transcurso dos anos adveio uma mudança no método de intercâmbio com o além. Entre os importantes pontos que avalizam a restrição da prática evocatória atual, consta a desconfiança da indução, do sugestionamento ou do animismo do médium, além do quê, este acabaria quase que na obrigação de “receber espírito tal ou qual”, sobretudo para atender ao dirigente e ao grupo.
Outros aspectos a considerar são a sujeição e a inibição que, via de regra, escoltam esse tipo de exercício mediúnico (evocação), originários da perspectiva quase sempre mística cultivada em torno do médium. Cremos que a modificação do processo evocatório nas reuniões mediúnicas ocorreu porque não surtiu, após a Codificação, os efeitos almejados. Ou o mais provável, por não se obterem médiuns “desenvolvidos” com qualidades adequadas ou, em última análise, ambas as condições.
Do exposto, e considerando as graduais etapas da programação espírita na Terra, será que atualmente deveríamos promover (como ocorreu durante a codificação), um diálogo escancarado e direto com os recém-desencarnados, visando obter notícias dos mesmos para seus familiares que aqui ficaram? Quantas pessoas procuram grupos espíritas querendo notícias dos entes que “partiram”? Será que a finalidade da mediunidade é essa?(5) Há pessoas (pasmem!) que “orientam” médiuns através de cursos “avançados”, ensinando algum tipo de “técnica” para “receberem recém-desencarnados”. Tais “mestres de Espiritismo” afirmam com bazófia que alguns jovens e outros “formandos” estarão dentro em breve prestando [através da evocatória mágica] os “serviços” de consolação para os parentes que por aqui ficaram!…(?!?!?) Acredite se quiser!!!!(6)
Reafirmamos a opinião de Emmanuel – “qualquer comunicação com o invisível deve ser espontânea, e o espírita cristão deve encontrar na sua fé o mais alto recurso de cessação do egoísmo humano ponderando quanto à necessidade de repouso daqueles a quem amou, e esperando a sua palavra direta, quando e como julguem os mentores espirituais conveniente e oportuno”. (7) O bom senso nos impõe a certeza nas lições aqui consignadas pelo Mentor de Chico Xavier. O lembrete não pode ser atribuído à opinião pessoal do Benfeitor, como soi apostilar alguns, até porque não há qualquer contradição doutrinária no seu discurso.
Um grupo espírita prudente trabalha com a espontaneidade das comunicações e recorre às evocações tão só nas situações extraordinárias. Até porque “no curso do trabalho mediúnico, os esclarecedores não devem constranger os médiuns psicofônicos a receber os desencarnados presentes, repetindo ordens ou sugestões nesse sentido, atentos ao preceito de espontaneidade – fator essencial ao êxito do intercâmbio.”(8)
Notemos que não temos domínio sobre o mundo dos Espíritos que, para desagrado dos evocadores, têm suas próprias normas de conduta. Quanto aos principiantes na mediunidade, Kardec adverte energicamente “para que não se adote a evocação direta de um Espírito explicando as dificuldades do processo e aconselhando um apelo geral.”. (9)
Há circunstâncias reais que inibem ou obstam aos Espíritos atender os evocadores quando lhes são dirigidas as evocações. Observemos algumas situações que tornam a evocação impossível: quando o desencarnado está envolvido em missões ou ocupações de que não pode afastar-se; quando o Espírito não estiver mais no além, porém já (re)encarnado (só excepcionalmente pode acontecer evocação de um encarnado), mas isso é impossível se estiver reencarnado em planetas inferiores à Terra; quando o evocado etéreo se encontra em locais de punição e não tem permissão para dali se afastar; quando o médium evocador, por sua natureza ou aptidão, não consegue entrar em sintonia mediúnica com o Espírito evocado.
Além disso, como pronunciou Kardec, “as evocações oferecem mais dificuldades aos médiuns.”.(10) Certa vez, alguém nos disse o seguinte: “os dirigentes que estão propondo atualizar suas casas espíritas necessitam abdicar o entendimento contrário às evocações, pois se não houver evocações o centro espírita ficará impedido de curar obsessões (!?…), deixando de realizar uma das mais importantes obras do Espiritismo: a libertação obsessiva” (!!!???). Expliquei ao distinto evocador que o tratamento de desobsessão não é a “obra” mais imperiosa da instituição espírita. A mais importante missão do centro espírita é difundir os conceitos doutrinários, visando colaborar na reforma moral do homem. Outra coisa: o Espiritismo jamais recomendará a propagação dos impróprios métodos de exorcismo batizados de desobsessão através de ingênuas evocações.
Para Leon Denis, não é indispensável fazer evocações definidas. No grupo que dirigiu, raramente ocorreram evocações, pois “preferia dirigir um apelo aos guias e protetores habituais, deixando a qualquer Espírito a liberdade de se manifestar sob sua vigilância.”. (11) Denis legou-nos modelos excelentes de reuniões onde se cultivava a reverência intensa aos mentores do além, em que a mediunidade era desempenhada com amor, sem que houvesse perda ao estudo e à investigação.
Ademais será que impedindo ou sugerindo a não evocação de Espíritos, o campo de pesquisa na instituição se fecha e tudo fica entregue ao “Deus dará”? Será que sem as evocações de Espíritos advirá a pobreza de revelações “avançadas” do além? Há opiniões extravagantes atestando que as manifestações espirituais espontâneas são fonte de improdutividades doutrinárias, o que torna o centro espírita inerme e de onde se faz necessário sair com urgência. (Pasmem!)
Evocar ou não um Espírito é assunto que necessita, assim, ser bem ponderado, tendo sempre em mente a intenção a que ela se presta. André Luiz reafirmou o parecer firmado por Emmanuel, aconselhando a supressão, em nosso meio, “da prática da evocação nominal dos Espíritos.”. (12)
A técnica evocativa dos Espíritos teve sua época, como tiveram as mesas girantes, as pranchetas, as tiptologias, as pneumatografias e pneumatofonias, as materializações etc. Como também teve sua época “o diálogo com os Espíritos através da psicografia. O retorno ao método da evocação, inclusive, não dinamizaria as atividades mediúnicas e nem propiciaria o surgimento de médiuns mais aptos e seguros. No caso destes é exatamente o contrário: o surgimento de médiuns mais adestrados é que possibilitaria (talvez) as condições para as evocações.”. (13)
Em síntese, a evocação pode ser empregada eventualmente, priorizando-se, porém, as comunicações espontâneas. Óbvio que nenhum dos dois métodos deve ser rejeitado radicalmente, até porque isso ocasionaria prejuízos nas atividades da mediunidade nos seus vários aspectos, seja na eventual terapêutica dos quadros obsessivos, na assistência aos espíritos sofredores ou nas investigações dos fenômenos extrafísicos.

Referências Bibliográficas:

(1) A palavra “evocar” deriva do latim “evocare” que significa atrair “alguém” de algum lugar.
(2) Kardec, Allan. O Livro dos médiuns, Rio de Janeiro: Editora FEB, 1971,cap. 25 item 272
(3) Idem, item 283a
(4) Idem , item 269
(5) Hessen, Jorge. Artigo “Técnicas para notícias de desencarnados”, publicado no site http://aluznamente.com.br/tecnicas-para-noticias-de-desenca…... acessado em 12/03/2013
(6) Idem , acessado em 13/03/2013
(7) Xavier, Francisco Cândido. O Consolador, ditado pelo Espírito Emmanuel, Rio de Janeiro: Ed FEB, Questão 380
(8) Xavier, Francisco Cândido: Desobsessão ditado pelo Espírito: André Luiz cap. Manifestação do enfermo espiritual III, RJ: Ed. FEB, 1980
(9) Kardec, Allan. O Livro dos médiuns, Rio de Janeiro: Editora FEB, 1971,cap. 17 item 203
(10) Idem , item 272
(11) Denis, Leon, No invisível RJ: Ed FEB, 1990, disponível em http://vademecumespirita.com.br/…/…/texto/611/orientacoes-de...
(12) Xavier, Francisco Cândido e Vieira, Waldo. Conduta Espírita, ditado pelo espírito André Luiz, Rio de Janeiro: Ed FEB, 2001, cap 25
(13) Shubert, Suely Caldas. Artigo – “Da evocação dos Espíritos nas reuniões mediúnicas”, Disponível em http://suelycaldasschubert.webnode.com.br/artigos/ acessado em 12/03/2013

O SUS, as terapias alternativas, o “passe”

O SUS,as terapias alternativas,o “passe”, as remunerações e o “dai de graça”


O Ministério da Saúde promulgou a admissão de determinadas “terapias alternativas” ao Sistema Único de Saúde (SUS), dentre as quais a terapia por imposição de mãos (seria o Reiki oriundo do vitalismo, criado em 1922 pelo monge budista japonês Mikao Usui? Ou seria apenas a imposição de mãos sem apelo “religioso” e configurando apenas transfusão magnética tal como ocorre nas casas espíritas? Seria os dois?





Além da tal imposição de mãos, o SUS também vai bancar tratamentos alternativos como apiterapia, aromaterapia, bioenergética, constelação familiar, cromoterapia, geoterapia, hipnoterapia, ozonioterapia e terapia de florais. Esses procedimentos são chamados de Práticas Integrativas e Complementares (Pics), pois utilizam recursos terapêuticos baseados em tradições populares, voltados para “curar” e prevenir algumas supostas doenças.
Sobre as tais “imposições das mãos”, será que é fator alvissareiro, será que poderá abrir as portas laicas e as mentes para a realidade inquestionável da força do chamado “passe espírita" ou melhor do passe gerido pelos Espíritos? Ou será que uma prática tão sublime será banalizada?
O que podemos ponderar sobre tal complexo assunto?

Uma questão subjacente que deve ser abordada com muito cuidado é justamente o gerenciamento dos agentes dessas “terapias alternativas”, isto é, como escolher e nomear esses "profissionais"? Não se pode perder de vista que tais terapias serão aplicadas por “especialistas” contratados, portanto serão “profissionais” devidamente assalariados para tal função! Diante disso, considerando que haja passista espírita entre os terapeutas, respeitando os preceitos cristãos, recomendamos o alerta -“dai de graça o que de graça recebestes.” [1]

Sobre esse assunto já li sugestões charmosas e outras um tanto quanto absurdas. Uma delas seria a possibilidade dos centros espíritas oferecerem os serviços de passes gratuitamente nas unidades do SUS. Mas, há os incautos que insinuam a destinação do eventual salário aos profissionais para as instituições beneficentes e/ou espíritas. Ora isto seria um abjeto comércio dos dons mediúnicos. Recordemos que todo serviço espiritual gratuito é padrão da legítima prática espírita.
Ante esse panorama que está sendo construído na área de saúde pública, certamente haverá “espíritas” que desculparão a própria consciência nutrindo o subterfúgio de que aplicar passe e ser remunerado pelo SUS não é comerciar a caridade do passe. Possivelmente haverá esvaziamento da voluntária doação gratuita do passe nas casas espíritas, pois os passistas “desempregados” estarão disputando vagas no SUS. E se forem contratados, na melhor das hipóteses, estarão cansados à noite para a tarefa espírita. Ou, ainda, na pior das hipóteses, poderão disputar parte do valor que deverá ser revertido a eles próprios que também têm dificuldade financeira.

Sabemos que há alguns hospitais que ainda não consentem a aplicação de passes quando confrades espíritas visitam os enfermos nas enfermarias. Talvez proíbam por prevenção ideológica ou preconceito médico e ou religioso. Seguramente, diante dessa nova norma do governo, creio que essa oposição poderá ser atenuada. Ou por outro lado, talvez o empecilho aumente, pois, considerando que o serviço será remunerado (pelo SUS), não será fácil convencer que "passistas" profissionais não terão a ideia brilhante de entrar na justiça do trabalho pedindo vínculo empregatício com os hospitais que permitirem o gesto "caridoso". Tudo é possível. O tema é complexo e vai muito além do que talvez estejamos avistando.

Quem sabe a ação constituída pela chamada liderança espírita junto ao governo seja oportuna nesta circunstância. Afinal de contas o atual governo está bradando por terapêuticas alternativas pelo SUS. Diante de tal desafio, será que o espírita terá capacidade de aprovisionar, de graça, e com preparação organizada dos passistas a fim de formalizar as normas oficiais de procedimento sob o princípio do voluntariado perante os hospitais?

Referência:
[1] Mateus, 10:8