terça-feira, 13 de março de 2018

Qual a finalidade da Mediunidade na face da Terra?

Divaldo Pereira Franco

A mediunidade é, antes de tudo, uma oportunidade de servir, bênção de Deus, que faculta manter o contato com a vida espiritual. Graças ao intercâmbio podemos ter aqui, não apenas a certeza da sobrevivência da vida após a morte, mas também o equilíbrio para resgatarmos com proficiência os débitos adquiridos nas encarnações anteriores. É graças à Mediunidade que o homem tem a antevisão do seu futuro espiritual, e, ao mesmo tempo, o relato daqueles que o precederam na viagem de volta à erraticidade, trazendo-lhe informes de segurança, diretrizes de equilíbrio e a oportunidade de refazer o caminho pelas lições que ele absorve do contato mantido com os desencarnados.



Assim, a mediunidade tem uma finalidade de alta importância, porque é graças a ela que o homem se conscientiza das suas responsabilidades de Espírito imortal. Conforme afirmava o apóstolo Paulo, se não houvesse a ressurreição do Cristo, para nos trazer a certeza da vida espiritual, de nada valeria a mensagem que Ele nos deu.


Do Livro: Diretrizes de Segurança
Por Divaldo Pereira Franco e J. Raul Teixeira
Editora: Frater
Ano: 1990

Marcas Mediúnicas

MEDIUNIDADE, efetivamente, é recurso de todos, de vezque o intercâmbio espiritual reponta em toda parte.
Urge, porém, classificar-lhe as ocorrências, afim de que se lhes especifique a natureza essencial.
Vejamos, por isso, algumas das marcas que assinalam os fenômenos mediúnicos, sem a Doutrina Espírita à
luz do Evangelho do Cristo:

Revelação sem respeito.
Talento sem caráter.
Instrução sem educação.
Liberdade sem disciplina.
Conversação sem discernimento.
Indagação sem trabalho.
Iniciativa sem estudo.
Prazer sem responsabilidade.
Pesquisa sem consciência.
Tempo sem proveito.





Examinemos, em seguida, marcas outras que registram os fenômenos mediúnicos orientados pelo Evangelho
do Cristo,à Luz da Doutrina Espírita:

Conhecimento sem bazófia
Fé sem fanatismo.
Caridade sem ostentação.
serviço sem apego.
Resignação sem preguiça.
Firmeza sem violência.
Fraternidade sem distinção de
pessoas.
Afeição sem desequilíbrio.
Dever sem constrangimento.
No fenômeno mediúnico sem o Evangelho De Jesus, vemos a criatura tentando situar o Reino de Deus, na
exaltação do império egoístico do "eu", mas, no fenômeno mediúnico, sob as lições do Divino Mestre,
encontramos a criatura conduzindo as forças do próprio "eu" para a exaltação do Reino de Deus.

Do Livro: Canais da Vida
Ditado por: Emmanuel
Psicografia: Francisco Cândido Xavier

OBSESSÃO NOS GRUPOS ESPÍRITAS (Médiuns)

Os falsos profetas não se encontram unicamente entre os encarnados. Há os também, e em muito maior número, entre os Espíritos orgulhosos que, aparentando amor e caridade, semeiam a desunião e retardam a obra de emancipação da Humanidade,
lançando-lhe de través seus sistemas absurdos, depois de terem feito que seus médiuns os aceitem.
E, para melhor fascinarem aqueles a quem desejam iludir, para darem mais peso às suas teorias, se apropriam sem escrúpulo de nomes que só com muito respeito os homens pronunciam.
São eles que espalham fermento dos antagonismos entre os grupos, que os impelem a isolarem-se uns dos outros e a olharem-se com prevenção.

Isso por si só bastaria para os desmascarar, pois, procedendo assim, são os primeiros a dar
o mais formal desmentido às suas pretensões.
Cegos, portanto, são os homens que se deixam cair em tão grosseiro embuste.
Mas, há muitos outros meios de serem reconhecidos. Espíritos da categoria em que eles
dizem achar-se têm de ser não só muito bons, como também eminentemente racionais.
Pois bem: passai-lhes os sistemas pelo crivo da razão e do bom senso e vede o que restará.
Convinde, pois, comigo, em que, todas as vezes que um Espírito indica, como remédio aos males da Humanidade ou como meio de conseguir-se a sua transformação, coisas utópicas e impraticáveis, medidas pueris e ridículas; quando formula um sistema que as mais
rudimentares noções da Ciência contradizem, não pode ser senão um Espírito ignorante e mentiroso.
Por outro lado, crede que, se nem sempre os indivíduos apreciam a verdade, esta é apreciada
sempre pelo bom senso das massas, constituindo isso mais um critério.
Se dois princípios se contradizem, achareis a medida do valor intrínseco de ambos, verificando qual dos dois encontra mais ecos e simpatias.
Fora, com efeito, ilógico admitir-se que uma doutrina cujo número de adeptos diminua progressivamente seja mais verdadeira do que outra que veja o dos
seus em continuo aumento.
Querendo que a verdade chegue a todos, Deus não a confina num círculo acanhado: fá-la surgir em diferentes pontos, a fim de que por toda a parte a luz esteja ao lado das trevas.
Repeli sem condescendência todos esses Espíritos que se apresentam como conselheiros exclusivos, pregando a separação e o insulamento.
São quase sempre Espíritos vaidosos e medíocres, que procuram impor-se homens fracos e
crédulos, prodigalizando-lhes exagerados louvores, a fim de os fascinar e de tê-los dominados.
São, geralmente, Espíritos sequiosos de poder e que, déspotas públicos ou nos lares, quando
vivos, ainda querem vítimas para tiranizar depois de terem morrido.
Em geral, desconfiai das comunicações que trazem um caráter de misticismo e de singularidade, ou que prescrevem cerimônias e atos extravagantes. Há sempre, nesses casos, motivo legítimo de suspeição.
Estai certos, igualmente, de que quando uma verdade tem de ser revelada aos homens, é, por assim dizer, comunicada instantaneamente a todos os grupos sérios, que dispõem de médiuns também sérios, e não a tais ou quais, com exclusão dos outros.
Nenhum médium é perfeito, se está obsediado; e há manifesta obsessão quando um médium só é apto a receber comunicações de determinado Espírito, por mais alto que este procure colocar-se.
Conseguintemente, todo médium e todo grupo que considerem privilégio seu receber as comunicações que obtêm e que, por outro lado, se submetem a práticas que
tendem para a superstição, indubitavelmente se acham presas de uma obsessão bem caracterizada, sobretudo quando o Espírito dominador se pavoneia com um nome
que todos, encarnados e desencarnados, devem honrar e respeitar e não permitir seja declinado a todo propósito.
É incontestável que, submetendo ao crivo da razão e da lógica todos os dados e todas as comunicações dos Espíritos, fácil se torna rejeitar a absurdidade e o erro.
Pode um médium ser fascinado, e iludido um grupo; mas, a verificação severa a que procedam os outros grupos, a ciência adquirida, a alta autoridade moral dos diretores
de grupos, as comunicações que os principais médiuns recebam, com um cunho de lógica e de autenticidade dos melhores Espíritos, justiçarão rapidamente esses ditados mentirosos e astuciosos, emanados de uma turba de Espíritos mistificadores ou maus.

-Erasto, discípulo de São Paulo. (Paris, 1862,)

JOSÉ HERCULANO PIRES FALA SOBRE O PASSE ESPÍRITA

O passe espírita é simplesmente a imposição das mãos, usada e ensinada por Jesus como se vê nos Evangelhos. Origina-se das práticas de cura do Cristianismo primitivo. Sua fonte humana e divina são as mãos de Jesus. Mas há um passado histórico que não podemos esquecer. Desde as origens da vida humana na terra encontramos os ritos de aplicação dos passes, não raro acompanhados de rituais, como sopro, a fricção das mãos, a aplicação de saliva e até mesmo (resíduo do rito do barro), a mistura de saliva e terra para aplicação no doente. No próprio Evangelho vemos a descrição da cura de um cego por Jesus usando essa mistura. Mas Jesus agiu sempre, em seus atos e em suas práticas, de maneira que essas descrições, feitas entre quarenta e oitenta anos após a sua morte, podem ser apenas influência de costumes religiosos da época. Todo o seu ensino visava afastar os homens das superstições vigentes no tempo.




Essas incoerências históricas, como advertiu Kardec, não podem provir dele, mas dos evangelistas; caso contrário, Jesus teria procedido de maneira incoerente no tocante aos seus ensinos e seus exemplos, o que seria absurdo.
O passe espírita não comporta as encenações e gesticulações em que hoje se envolveram alguns teóricos improvisados, geralmente ligados a antigas correntes espiritualistas de origem mágica ou feiticista. Todo o poder e toda a eficácia do passe espírita dependem do espírito e não da matéria, da assistência espiritual do médium passista e não dele mesmo. Os passes padronizados e classificados derivam de teorias e práticas mesméricas, magnéticas e hipnóticas, de um passado já há muito superado. Os espíritos realmente elevados não aprovam nem ensinam essas coisas, mas a prece e a imposição das mãos. Toda a beleza espiritual do passe espírita, que provém da fé racional no poder espiritual, desaparece ante as ginásticas pretensiosas e ridículas gesticulações.
As encenações preparatórias: mãos erguidas ao alto e abertas, para suposta captação de fluidos pelo passista, mãos abertas sobre os joelhos, pelo paciente, para melhor assimilação fluídica, braços e pernas descruzados para não impedir a livre passagem dos fluidos, e assim por diante, só serve para ridicularizar o passe, o passista e o paciente. A formação das chamadas pilhas mediúnicas, com o ajuntamento de médiuns em torno do paciente, as correntes de mãos dadas ou de dedos se tocando sobre a mesa – condenadas por Kardec – nada mais são do que resíduos do mesmerismo do século passado, inúteis, supersticiosos e ridicularizantes.
Todas essas tolices decorrem essencialmente do apego humano às formas de atividades materiais. Julgamo-nos capazes de fazer o que não nos cabe fazer. Queremos dirigir, orientar os fluidos espirituais como se fossem correntes elétricas e manipulá-los como se a sua aplicação dependesse de nós. O passista espírita consciente, conhecedor da doutrina e suficientemente humilde para compreender que ele pouco sabe a respeito dos fluidos espirituais – e o que pensa saber é simples pretensão orgulhosa – limita-se à função mediúnica de intermediário. Se pede a assistência dos Espíritos, com que direito se coloca depois no lugar deles? Muitas vezes os Espíritos recomendam que não se façam movimentos com as mãos e os braços para não atrapalhar os passes. Ou confiamos na ação dos Espíritos ou não confiamos, e neste caso é melhor não os incomodarmos com os nossos pedidos.
O passe espírita é prece, concentração e doação. Quem reconhece que não pode dar de si mesmo, suplica a doação dos Espíritos. São eles que socorrem aqueles por quem pedimos, não nós, que em tudo dependemos da assistência espiritual.

José Herculano Pires
Do livro: Obsessão - o Passe – a Doutrinação

domingo, 4 de março de 2018

Sobre os Médiuns Curadores

 
- Qual a finalidade de médiuns curadores?
 
Divaldo Franco – A prática do bem, do auxílio aos doentes. O Apóstolo Paulo já dizia: “Uns falam línguas estrangeiras, outros profetizam, outros impõem as mãos...”
Como o Espiritismo é o Consolador, a mediunidade, sendo o campo, a porta por meio da qual os Espíritos Superiores semeiam e agem, a faculdade curadora é o veículo da Misericórdia para atender a quem padece, despertando-o para as realidades da Vida Maior, a Vida Verdadeira. Após a recuperação da saúde, o paciente já não tem o direito de manter dúvidas nem suposições negativas ante a realidade do que experimentou.
O médium curador é o intermediário para o chamamento aos que sofrem, para que mudem a direção do pensamento e do comportamento, integrando-se na esfera do bem.
 
- É normal que médiuns dessa natureza se utilizem de instrumental cirúrgico, de indumentária, que os caracterizem como médicos?
 
Divaldo Franco – Na minha forma de ver, trata-se de ignorância do espírito comunicante, que deve ser devidamente esclarecido, e de presunção do médium, que deve ter alguma frustração e se realiza dessa forma, ou de uma exibição, ou, ainda, para gerar maior aceitação do consulente que, condicionado pela aparência, fica mais receptivo. Já que os espíritos se podem utilizar dos médiuns que normalmente não os usam, não vejo porque recorrer à técnica humana quando eles a possuem superior.
 
- Quais os cuidados que se deve tomar para que o médium curador não se apresente como um curandeiro e não esteja enquadrado no Código Penal, pela prática ilegal da medicina?
 
Divaldo Franco – Primeiro, que ele estude a Doutrina Espírita, porque todo e qualquer médium que ignora o Espiritismo é alguém que caminha em perigo.
Por que é alguém que caminha em perigo? Porque aquele que ignora os recursos que possui, que se desconhece a si mesmo, é incapaz de realizar um trabalho em profundidade e com equilíbrio. Se estuda a Doutrina, fica sabendo que a faculdade de que se encontra revestido é temporária, é o acréscimo de responsabilidade, também uma provação, na qual ele estará sendo testado constantemente e deve sempre, em cada exame, lograr um resultado positivo.
Depois de se dedicar ao estudo da Doutrina, deve se vincular a um Centro Espírita, porque um dos fatores básicos do nosso comportamento é a solidariedade, em trabalho de equipe. Estando a trabalhar num Centro Espírita, ele estará menos vulnerável às agressões das pessoas frívolas, irresponsáveis, dos interesseiros; terá um programa de ação, em dias e horas adrede estabelecidos. Então, não ficará à mercê da mediunidade, em função dela, mas será um cidadão normal, que tem seus momentos de atender, trabalhando para viver com dignidade e renunciando às suas horas de descanso em favor do ministério mediúnico.
Para que ele se poupe de ficar incurso no Código Penal, deve fazer o exercício da mediunidade sem prometer, sem anunciar curas retumbantes, porque estas não podem ser antecedidas, e a Deus pertencem, e não retire da mediunidade nenhum proveito imediato, porque o curandeirismo implica em exploração da ingenuidade do povo, da superstição e da má-fé. Se ele é dotado de uma faculdade mediúnica, seja qual seja, dentro de uma vida regular e equilibrada, preservar-se-á a si mesmo. Se, eventualmente, for colhido nas artimanhas e nas malhas da Lei, isto será consequência da Lei Divina.
Que ele saiba pagar o preço do ministério que executa, que lhe foi confiado pelo Senhor.
 
Retirado do livro “Diretrizes de Segurança”
 
 
Por Divaldo P. Franco e J. Raul Teixeira