"Quanto tempo depois da morte se pode evocar um Espírito?
pode-se evocá-lo no instante mesmo da morte; mas, como nesse
momento, ainda está em perturbação, não responde senão imperfeitamente.
"(0 Livro dos Médiuns -Segunda Parte - Cap. XXV)
No capitulo das evocações, cremos que seja desnecessário lembrar aos nossos irmãos quanto
à sua inconveniência. O Espírito recém - desencarnado passa por um período mais ou menos longo de perturbação, até que se readapte ao Mundo Espiritual. Muitas vezes, encontra-se ele sem a
mínima condição de responder ao apelo que lhe está sendo feito. De
outras, o Espírito evocado não encontra um médium que lhe sirva de
instrumento, posto que, repetimos, sintonia mediúnica não se improvisa.
Não raro, os Espíritos que comparecem às reuniões mediúnicas, evocados
indiretamente pela presença de seus familiares e amigos que esperam
ouvi-los em mensagem, transmitem as suas impressões de além - túmulo como podem, e não como desejariam. É por este motivo que nem sempre os
comunicados mediúnicos correspondem à expectativa dos que anseiam por
recebê-los.
Os Espíritos anseiam por se comunicar com os que
deixaram na Terra que, por sua vez, anseiam pelo contato com eles...
Intermediando essas ansiedades, está o médium ansioso por desempenhar o
seu papel, "pressionado" que se sente pelos dois lados da vida. Em
consequência, surge uma mensagem, digamos, truncada, que acaba não
satisfazendo aos anseios nem de uns, nem de outros.
Se o médium compreendesse as suas limitações e se as pessoas entendessem as dificuldades do Espíritocomunicante que, afinal de contas, nem sempre conhece o processo do
intercâmbio mediúnico, haveria uma maior tolerância de ambas as partes,
permitindo que o Espírito se manifestasse sem tantos constrangimentos.
Uma outra questão delicada desejamos abordar aqui.
Num simples comunicado do Além, as pessoas exigem que o Espírito, numas poucas linhas que consegue escrever ou numas poucas palavras que consegue falar, identifique-se de
forma incontestável. Querem nomes, datas, detalhes, caligrafia
idêntica, apelidos, respostas a indagações mentais formuladas no
momento...Em outras palavras, o que as pessoas exigem é quase que o Espírito se materialize; e mesmo se tal ocorresse, ainda pediriam as provas que Tomé pediu a Jesus Cristo... E
talvez, ainda depois de obtê-las, retirariam-se perguntando:-"Será?!..."
O que vemos ser feito com alguns médiuns de boa vontade é uma falta de caridade!
Sem que saibam, eles estão sendo testados em suas faculdades, expondo-se às críticas amargas daqueles a quem tudo fizeram para confortar,"recebendo" para eles as mensagens que
puderam receber...Acreditamos que os médiuns, por melhor intencionados
que sejam, em Defesa de sua própria dignidade, não devem sair por aí
oferecendo-se para receber mensagens dos desencarnados. Que eles fiquem
em seus postos de serviço.
É o sedento que deve ir à fonte, e não o contrário.
Se os Espíritos tivessem um telefone sempre à disposição, um telefone
que os permitisse ligar para a Terra sem intermediações, eles o fariam.
Assim como os homens querem contactá-los, os Espíritos desejam contactar os homens. Infelizmente,
habitando planos que se interpenetram, mas que não se tocam, devemos
contentar-nos com o que obtemos. E o pouco que já obtemos na mediunidade
representa muito, pois antes do Espiritismo estávamos como que
completamente ilhados em nossos Planos de existência. Gritávamos e
ninguém nos ouvia, falávamos e a nossa voz não encontrava eco,
abraçávamos e a nossa presença era ignorada...Quando um Espírito
em desespero apossava-se de alguém, era o demônio, a quem os homens
sempre deram o direito de se comunicar... Mas quando se tratava de um
Espírito familiar, saudoso dos entes amados que deixou no mundo, ainda
provocava ele o encarceramento, a excomunhão ou a morte do "herege" que
ousara evocar os " mortos".''
E é assim que nós vamos caminhando com Deus!
Pode-se dizer, sem exagero algum, que embora os quase cento e cincoenta anos da Codificação Kardeciana, os médiuns que hoje atuam na mediunidade são os desbravadores do futuro, mártires da renúncia e do sacrifício, bandeirantes da Civilização do Espírito que florescerá na Terra do Terceiro Milênio!
Do Livro: Mediunidade E Caminho (Janeiro de 1992)
Médium: Carlos A. Baccelli
Espírito: Odilon Fernandes
Editora: Instituto de Difusão Espírita
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