quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

QUALIFICAÇÃO DE MÉDIUM Por Deolindo Amorim

QUALIFICAÇÃO DE MÉDIUM


 Por Deolindo Amorim


0 bom médium não é o que se comunica facilmente, mas o que é mais simpático aos bons Espíritos e está sempre assistido por eles. Tal frase encontramos em O Evangelho segundo o Espiritismo, Cap. XXIV n. ° 12.







0 ensino é claro, mas muita gente ainda pensa que o bom médium é o que tem possibilidades de receber muitas comunicações. O qualificativo de BOM médium é um juízo de valor e, por isso, muito subjetivo, pois depende do ponto de vista. Para os que encaram a produção mediúnica exclusivamente em termos quantitativos, o bom médium, na realidade, é o que produz muito, é aquele que tem facilidade, por exemplo, de captar mensagens à vontade. Mas qual é o conteúdo dessas mensagens? É aí que está o problema. Quem, no entanto, vê o trabalho mediúnico pelo teor das comunicações naturalmente há-de considerar bom médium aquele que está em sintonia com Espíritos capazes de transmitir ensinos elevados e construtivos.

Muitas vezes o médium pode produzir muito, e a qualquer momento ; mas nem por isso tem condições para tarefas de grande responsabilidade moral. Veja-se o que ocorreu com o próprio Kardec, exatamente quando estava empenhado de corpo e alma na preparação de O Livro dos Espíritos. Tudo ia bem quando, a certa altura, em diálogo com o Espírito de Hahnemann, Kardec perguntou à entidade orientadora se poderia aproveitar determinado médium no prosseguimento dos trabalhos. Era um médium que naturalmente produzia, mas não tinha idoneidade para a obra.

Por isso mesmo, o Espírito instrutor fez logo restrição

-Acho melhor não te servires dele. Porque a verdade não pode ser interpretada pela mentira.
E continuou:
... o médium secunda o Espírito e, quando o Espírito é velhaco, ele se presta a auxiliá-lo. Aristo e B (o Espírito e o médium) acabarão mal, arrematou Hahnemann.

Pois bem, logo depois veio a derrocada do médium,que teria comprometido a Codificação, se tivesse sido convocado para participar dos trabalhos de Kardec. Leia-se a propósito a nota de Kardec nos seguintes termos:

"B..., bom moço, era um médium escrevente, muito maleável, mas assistido por um Espírito muito orgulhoso e arrogante, que dava o nome de Aristo, e que lhe lisonjeava o amor-próprio. As previsões de Hahnemann se realizaram. O moço, julgando ter na sua faculdade um meio de enriquecer, já atendendo a consultas médicas, já realizando inventos e descobertas produtivas, somente colheu decepções." (Comunicação dada em 10 de junho de 1856)
-Obras Póstumas-2. ° parte.

Eis aí a lição : médium maleável, tendo possibilidade de ser muito útil, não era bom médium, no sentido qualitativo, porque, em primeiro lugar, sofria influência de um Espírito orgulhoso e, portanto, ainda atrasado; em segundo lugar, porque se apresentava como inventor e queria fazer muita coisa com o intuito de auferir vantagens através da mediunidade. Tinha mediunidade positiva, não há dúvida mas não tinha educação espiritual nem envergadura moral... De que valia, então, a quantidade das mensagens que recebia? Não seria até melhor se recebesse muito menos, ainda que fosse lá uma vez por outra, mas recebesse boas mensagens, oriundas realmente de Espíritos orientadores ?

É muito difícil, por isso mesmo, classificar os médiuns em juízos de valor. Qual será, afinal, o bom médium, na acepção certa,? É melhor que não entremos nesse terreno pois o médium é uma criatura com responsabilidade tremenda. Mas ainda em processo de experiência, sujeito aos altos e baixos da vida humana... Devemos ajudá-los, compreendê-los, em suas tarefas. Mas não queiramos transformá-los em seres

intocáveis!...

Deolindo Amorim


Do livro:  Ponto de Encontro 2 edição
Escritores: Celso Martins e Deolindo Amorim
Editora:  Do Lar/ABC Do Interior

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